Sobre as origens do dinheiro

Autor: Michael Hudson [1]Counterpunch – 7 de março de 2025

O final do século XIX viu uma linhagem de economistas, principalmente alemães e austríacos, criar uma mitologia sobre as origens do dinheiro, que ainda é repetida nos livros didáticos de hoje. Para eles, o dinheiro se originou apenas na forma de mais uma mercadoria que era trocada; o metal foi a mercadoria preferida porque não é perecível (e, portanto, é passível de ser guardado), pode ser padronizado (apesar da possibilidade de fraude se não for cunhado), podendo, ademais, ser facilmente divisível. Supõe-se, assim, que a prata foi usada em pequenas trocas de mercado, o que é irreal, dado o caráter grosseiro das balanças antigas, as quais era muito imprecisas para pesos de alguns gramas.[1]

Essa mitologia não reconhece que o governo possa ter desempenhado qualquer papel como inovador, patrocinador ou regulador monetário, ou ainda como entidade que dá valor ao dinheiro ao aceitá-lo como um veículo para pagar impostos, comprar serviços públicos ou fazer contribuições religiosas. Também é minimizada a função do dinheiro como padrão de valor para denominar e pagar dívidas.[2]

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