Uma crítica da ideia de financeirização

Autor: Eleutério F. S. Prado[1]

O uso do termo “financeirização” é muito difundido no campo da esquerda e, assim, do esforço de compreensão do capitalismo contemporâneo. Recentemente, saiu do prelo um bom livro sobre o tema, escrito por Ilan Lapyda, Introdução à financeirização (CEFA editorial, 2023). Para esse autor, esse fenômeno se manifestou após as crises dos anos 1970 como um movimento próprio da acumulação de capital. Eis que este tendeu a sair em parte da esfera produtora de valor e a se concentrar mais e mais na esfera financeira, amontoando na forma de dívidas. Ora, segundo ele, esse processo deslanchou à medida que, nas duas décadas anteriores, ocorreu superacumulação de capital (que aparece, por exemplo, como excesso de capacidade) e queda da taxa de lucro.

A financeirização, contudo, não veio sozinha, mas acompanhada: “A financeirização, nessa perspectiva” – diz Lapyda –, “se associou intimamente ao advento do neoliberalismo e ao tipo de globalização que impulsionou. O seu papel de destaque (…) foi alcançado por meio de um movimento de liberalização e desregulação dos sistemas financeiros” ocorrido dos anos 1970 em diante.

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