Morrer de tanto verde!

Autores: Sandrine Aumercier [1] e Frank Grohmann [2]

Fonte: Blog Grundrisse – Psychanalyse et capitalisme

Durante os últimos anos, não se passou um dia sem que a mídia nos falasse sobre a crise climática. Temperaturas sem precedentes, estado de emergência no norte da Itália, incêndios incontroláveis, seca de rios e estresse hídrico, agricultura seriamente afetada, aumento da fome no mundo etc. É agora normal nos atormentar com o catálogo dos desastres climáticos; até mesmo os céticos do clima estão expostos a essa punição normalizada.

Ora, até quando ainda vamos aceitar essa forma de terror, que apresenta quase como um fato consumado a destruição das bases da vida? Até quando será “possível” viver sem estremecer sob a ameaça da eclosão de um conflito nuclear?

Ao mesmo tempo, à direita ou à esquerda, todos se gabam de um aumento da “consciência climática” e voluntariamente acrescentam sua voz ao coro das lamentações e das recomendações. Os patrões franceses das empresas fornecedoras de energia estão até se dividindo: enquanto uns apelam para cortar o consumo privado, outros castigam seus lucros; os governos nesse entretempo estão buscando algum tipo de equilíbrio.

Ao mesmo tempo, a invasão russa da Ucrânia levanta a questão da “independência energética”. Não passa um dia sem que este tema apareça também nas manchetes. Anuncia-se a moralização direcionada dos suprimentos, grandes mudanças na política energética e incitações hipócritas à sobriedade. As propagandas de sorvete devem ser acompanhadas, como se sabe, de uma recomendação de consumo de “cinco frutas e verduras por dia”. Do mesmo modo, não está longe o momento em que todo incentivo ao consumo será acompanhado de um incentivo à sobriedade no consumo.

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