Todd McGowan [1]
Dialética do Progresso
Saber como o progresso engendra movimentos de reação é uma questão que tem preocupado muitos pensadores desde meados do século XX, quando uma onda reacionária, muito destrutiva, manifestou-se na história. A primeira grande tentativa de dar sentido ao que alimenta essa política reacionária é a Dialética do Iluminismo de Theodor Adorno e Max Horkheimer.
Para Adorno e Horkheimer, o progresso sempre conteve um resíduo perverso de violência. Eles veem esse resíduo se manifestar nas estrepolias perpetuadas por Odisseu, nas perversões celebradas pelo Marquês de Sade e nas manipulações da indústria cultural. As forças negativas do iluminismo operam aí e se impõem diante de qualquer resistência possível.
Na visão de Adorno e Horkheimer, o progresso em expansão engendra uma reação que lhe é própria e essa lógica atingiu o seu apogeu nos campos de extermínio nazistas; aí se viu que a industrialização não produz apenas coisas que proporcionam uma vida mais fácil, mas também que ela produz assassinatos em massa. Adorno e Horkheimer apreenderam o progresso por meio de sua negatividade intrínseca já que ele engendra uma expansão contínua das forças de dominação e de destruição. Para eles, esse mau caráter do progresso lhe é inerente.
Chantal Mouffe aborda a questão de um ângulo diferente. Ela afirma que os esforços para melhorar a sociedade ficam paralisados na história quando as forças do progresso abandonam a política de oposição radical. Se elas não promovem antagonismos, as pessoas se afastam dos movimentos progressistas e abraçam o populismo de direita porque ele preserva aquilo que faz a luta política valer como tal. Sem criar antagonismo, a luta política deixa de ser um empreendimento satisfatório e, ao abandoná-la, a esquerda perde adeptos.
Eis o que diz Mouffe: “imaginar o objetivo da política democrática em termos de consenso e reconciliação não é apenas conceitualmente equivocado, mas vem a ser uma atitude repleta de perigos políticos. A aspiração a um mundo onde a divergências entre “nós e eles” teria sido superada baseia-se em falsas premissas; aqueles que compartilham tal visão estão fadados a perder a verdadeira tarefa que a política democrática precisa levar adiante”.
Mouffe vincula a ascensão dos movimentos populistas de direita ao abandono progressivo da política de contradição por meio da tentativa de transformar a luta política numa questão de moralidade. A derrota de tais populismos requer uma insistência no que Mouffe chama de luta política agonística. Em contraste com Adorno e Horkheimer, ela tem uma ideia clara sobre como responder à ameaça do populismo de direita; tem também uma teoria clara sobre o que leva à sua ascensão – a repressão do antagonismo político.
O que ambas as análises deixam passar, no entanto, é a relação entre o populismo de direita e a sociedade capitalista na qual esse populismo aparece. Embora Adorno e Horkheimer, juntamente com Mouffe, tenham um certo pendor marxista, eles não teorizam o populismo reacionário como uma resposta às demandas postas pela própria sociedade capitalista. O líder populista de direita é um fenômeno especificamente capitalista, que seria inconcebível em uma época anterior. Para entender o populismo de direita, é preciso tomar os imperativos básicos da sociedade capitalista como ponto de partida.
O surgimento do capitalismo implica numa reorganização fundamental da ordem social, numa mudança em seu princípio estruturante. O capitalismo organiza a sociedade com base numa promessa de excesso ao invés de fazê-lo com base numa concepção do bem comum que funciona como princípio primeiro. Ora, um suposto bem comum era privilegiado de várias maneiras nas sociedades pré-capitalistas. Como princípio, ele se manifestou como sobrevivência, coesão social, reforço de uma estrutura hierárquica ou mesmo a maximização do prazer.
Mas sob o capitalismo, o bem comum é marginalizado e substituído por uma busca [individualista] por excesso. A produção e o consumo desse excesso superam qualquer consideração do que pode vir a ser bom para a pessoa isolada ou para a sociedade. É melhor ganhar um milhão de dólares a mais do que se preocupar com os efeitos negativos de despejar lixo tóxico na natureza. É melhor conseguir o melhor negócio em um novo telefone celular do que se preocupar com a situação dos trabalhadores que o produziram sob duras condições de trabalho. Na sociedade capitalista, todos aspiram por muito, por um excesso puro sem qualquer consideração pelo bem da sociedade. Sob o capitalismo, todos devem se prostrar no altar da busca por excesso.
O excesso é o motor da sociedade capitalista de um modo que não acontece nas sociedades anteriores. Isso dá ao capitalismo sua singularidade em relação a outras formas sociais, as quais se basearam sempre em alguma ideia do bem comum como seu princípio central. A sociedade capitalista se concentra na forma mercadoria, que contém já [– e de modo implícito –] uma promessa de excesso. As pessoas investem na venda, distribuição e compra de mercadorias porque cada mercadoria parece permitir acesso a esse excesso.
Embora ninguém realmente obtenha um excesso puro e definitivo, ele, no entanto, estrutura a existência de todos no universo capitalista. A política, então, torna-se uma luta para determinar como se deve distribuir o excesso. As pessoas se envolvem na atividade política para capturar o excesso prometido, não para obter qualquer bem social em prol da sociedade como um todo. Isso é o que o populista de direita sabe bem, de uma forma que outros atores políticos não o fazem.
O populista de direita sabe bem como apelar na política. Ele não oferece um caminho para uma boa sociedade, pois promete aos seguidores um gostinho do excesso puro que é inerente à forma de mercadoria. Embora a sociedade capitalista apresente o ideal de um excesso puro, ninguém pode atingir esse ideal. Todo excesso é limitado e evanescente. A mercadoria que mais promete excesso nunca fornece o suficiente para eliminar o status de ser carente do indivíduo.[1]
Não importa quanto de excesso uma dada pessoa obtém, sempre parece haver alguém que obtém ainda mais do que ela. É por isso que os capitalistas mais ricos buscam constantemente superar uns aos outros enquanto acumulam. Eles também compram iates sempre maiores ou viajam quanto mais longe for possível no espaço geográfico e até mesmo no espaço sideral. Não há vitória no jogo do excesso puro, mas os fracassos que ele engendra servem apenas para encorajar as pessoas a se comprometerem com ele, cada vez mais com mais fervor. Esse fervor vai muito além dos capitalistas mais ricos e infecta todos que participam da sociedade capitalista. É nisso que os populistas de direita apostam em suas campanhas.
O populismo diz às pessoas por que elas não estão obtendo os excessos que a sociedade capitalista lhes promete. O foco desse movimento político – de Recep Tayyip Erdoğan na Turquia e Narendra Modi na Índia a Jair Bolsonaro no Brasil e Donald Trump nos Estados Unidos – encontra-se nas barreiras ao excesso ou naqueles que supostamente as estabelecem.
Ao propor a eliminação dessas barreiras, o líder populista aponta sempre, para um futuro de excesso puro que, supostamente, aguarda os seus apoiadores. E esse futuro imaginário é inerente à própria forma mercadoria; contudo, trata-se sempre de um futuro que a mercadoria nunca entrega. O líder populista de direita responde a esse fracasso da promessa da mercadoria dobrando sempre o excesso que ela promete. Embora essa imagem de excesso puro seja uma mentira, é instrutivo entender como a política é estruturada em torno do excesso.
A grande lição que o populismo de direita oferece vem da própria sociedade capitalista: é o excesso, não o bem, aquilo que leva as pessoas a agirem nessa sociedade. O engano proporcionado seja pelo capitalismo seja pelo populismo de direita não está na ênfase que dão ao excesso, mas na ideia de que podem proporcionar um excesso puro. Quando se compreende o que há de falso em todo excesso como tal – a saber, que não há excesso sem falta; que não há produção de excesso sem a produção da falta –, torna-se possível propor uma alternativa de política e de sociedade.
O contraponto eficaz ao excesso prometido pelo populismo de direita não pode ser uma insistência no bem comum, mas vem a ser um esforço para mostrar a existência de falsidade nos excessos capitalistas; é preciso insistir que, em última análise, há apenas incapacidade de satisfação. Em vez de agir para pôr barreiras ao excesso, é preciso mostrar que é a situação dos indivíduos está constituída pela falta. E que, ademais, como essa falta não preenchível, eles estão agindo excessivamente em resposta.
O especialista como inimigo
O populista de direita tem vários alvos. Estrangeiros, imigrantes e minorias estão sempre entre aqueles que recebem o opróbrio do líder populista de direita. Em certo sentido, há uma lógica clara na escolha de cada um desses alvos, mesmo se os ataques feitos a eles vêm a ser completamente ideológicos e hipócritas. Esses grupos são apresentados como ameaças que vem de forasteiros. Pelo menos psiquicamente, elas põem em risco o status daqueles que pertencem a uma sociedade e que vivenciam esse pertencimento sob a forma do cerco.
Se a fronteira do estado perder toda a capacidade de manter as pessoas fora, aqueles que estão dentro julgam que perderão a identidade que se deriva de seu status de cidadãos. Embora o medo seja irrealista, ele aparece, sim, como uma ameaça. O perigo que o imigrante representa não é difícil de conjurar; por isso, nenhum populista de direita o evita. Isso também vale para o estrangeiro, na medida em que uma invasão estrangeira também colocaria em risco a identidade dos cidadãos. Contudo, esses alvos não revelam bem o segredo do populismo de direita.
A figura mais instrutiva na lista de inimigos do populista de direita é o especialista. Todos os populistas de direita colocam os especialistas como parte dos vários grupos que representam uma ameaça existencial à ordem social. Especialistas de todos os tipos são alvos para os ataques populistas — sejam eles especialistas em saúde, climatologistas ou até mesmo economistas [exceto evidentemente os anarco-capitalistas].
Não importa qual seja a sua especialidade, o populista de direita insiste que o especialista é uma ameaça. É, pois, necessário avaliar porque esse alvo aparece de modo proeminente, especialmente em contraste com o imigrante ou o estrangeiro. Os especialistas fazem parte da ordem social e, por isso, não parecem ter capacidade de miná-la. Muito pelo contrário, os especialistas são os campeões do bem.
Eles usam o conhecimento para ajudar os indivíduos e a sociedade a progredir. Em última análise, o especialista quer tornar a sociedade melhor, criar uma estrutura na qual o progresso tenha avançado a tal ponto que tenha eliminado o sofrimento humano desnecessário. Eles querem o que é melhor para a ordem social em que vivem. E, no entanto, o populista de direita os identifica como uma ameaça a essa ordem, tão perniciosa quanto aquela vinda do imigrante.
Os especialistas não são alvos do populismo de direita porque eles têm o que os outros querem. Eles não têm uma parcela descomunal da riqueza da sociedade, nem representam uma ameaça ao bem-estar da sociedade. Na verdade, sustentar e melhorar seu bem-estar é o objetivo de sua especialidade. Eles querem fazer sua parte para criar uma sociedade melhor. É a própria ilógica do desdém populista pelo especialista que torna esse desdém instrutivo.
Líderes populistas de direita têm como alvo especialistas porque eles são os proponentes do bem na sociedade moderna, um bem que de um modo ou outro exige que excessos sejam domados. Os especialistas dizem que se deve conter qualquer comportamento excessivo para próprio bem ou para o bem da sociedade. Não se deve beber muito para evitar um ataque cardíaco. Não se deve comer muito para evitar diabetes. Não se deve sair para a rua no auge de uma pandemia para evitar morrer. É isso o que sempre dizem os especialistas. De acordo com o conselho do perito, a boa vida individual depende de não beber, não comer demais ou se expor desnecessariamente a um vírus mortal. É preciso conter os excessos. Ceder ao excesso é resignar-se a uma morte prematura.
Isso também vale coletivamente. Hoje, os especialistas deixam claro que a catástrofe climática se tornou uma ameaça existencial para a humanidade. Os excessos da modernidade capitalista aqueceram o planeta a tal ponto que ele logo se tornará inabitável. O excesso interrompeu os padrões climáticos, trouxe eventos cataclísmicos imprevistos e matou um número incontável de espécies.
Os especialistas em clima agora alertam que a falha em agir imediatamente exacerbará a destrutividade e causará a queda irreversível da humanidade. Embora as principais figuras políticas tentem explicar essa ameaça com mudanças políticas (inadequadas), os populistas de direita desdenham os avisos. O grito de Sarah Palin, “fura nenê, fura”, representa o apogeu dessa posição. Ele quer elevar os excessos de emissões de carbono diante dos alertas de especialistas sobre a ameaça iminente que eles representam.
Ao tomar o lado do excesso contra o bem comum – é isso o que essa populista de direita faz ao descartar o risco climático –, ela impulsiona a queima de combustíveis fósseis e, assim, acelera o aquecimento do planeta. Contudo, essa destrutividade excessiva, esse reforço ao uso de um recurso que ameaça a sobrevivência da humanidade, não se afigura como uma barreira para Palin, mas, ao contrário, é isso que a motiva. Os seus seguidores encontram também satisfação nos excessos gerados pelo “fura nenê, fura” já que esta palavra de ordem desafia o conhecimento especializado sobre o que é bom. Como uma boa populista de direita, Palin entende que deve desafiar o especialista em clima já que isso é central para manter o seu prestígio político.
Quando os populistas de direita assumem o poder, eles não o fazem porque são especialistas, mas porque representam um desafio fundamental a toda a competência técnica. Eles governam de forma autoritária, mas não como especialistas políticos. Como resultado, o que seria um passo em falso para o político profissional – ou seja, para o especialista político – afigura-se como uma falta de conhecimento e de comprometimento do populista com o excesso.
O escândalo sexual ou o comportamento impolítico aumentam o apelo dos populistas de direita porque revelam um conhecimento que contém um excesso possível. Ora, eles governam como não especialistas e é por isso que frequentemente se encontram em oposição aos especialistas presentes em seu próprio governo. A máquina do Estado é então chamada de “governo grande” ou de “estado profundo”. Eis que governantes de extrema direita se sentem fora do aparato governante que é formado por especialistas. (…)
A exibição de seu excesso não é um argumento contra o populista de direita; ao contrário, pois ele é a base de seu apelo como figura política. Quanto mais os especialistas criticavam esse excesso, mais claro seu apelo; eis que esse apelo vem do princípio organizador da sociedade capitalista. A sociedade capitalista se concentra na produção e no consumo não de qualquer bem em específico, mas de meios para a obtenção de excesso.
O bem existe nesta sociedade apenas como aquilo que se sacrifica para obter um excesso. Quer-se um bem hoje, mas apenas para obter um excesso. É assim: sacrifica-se a saúde em prol da alimentação excessiva; destrói-se a habitabilidade do planeta para aumentar o lucro etc. Os especialistas, nessa sociedade, dizem o que se deve ou não fazer para contrariar algum excesso, não para ir além de restrições. Esta é a dinâmica que o populista de direita capta e exacerba.
Os populistas de direita surgem na esteira do fracasso do capitalismo em fornecer o excesso que ele promete. Um excesso puro surge como o ideal que todos perseguem, mas que ninguém pode alcançar. O populista de direita percebe que as pessoas desejam uma explicação para seu fracasso, uma explicação que forneça uma maneira de manter o ideal intacto apesar de sua impossibilidade, uma explicação que não exija que desistam do próprio capitalismo.
É aqui que o populista critica os defensores do bem comum. Tais especialistas – dizem – jogam pesado. A sua defesa do bem comum diante de uma sociedade focada no excesso requer o fracasso das pessoas em atingir esse excesso por si mesmas. Tais especialistas cumprem um papel no universo do populismo de direita justamente por serem quem eles são. Quanto melhores eles são, mais ameaçam o excesso que poderia existir.
Aprendendo com o inimigo[2]
Quando Chantal Mouffe examina o apelo do projeto emancipatório frente ao apelo do populismo de direita, ela imagina um tipo de política emancipatória que incorpora a insistência direitista no antagonismo, [ainda que não como tal]. Para isso, ela recorre ao pensamento do simpatizante nazista Carl Schmitt, que insiste na distinção entre o amigo e o inimigo como a condição sine qua non de toda política.
Mouffe, ao apreender a tese direitista de Schmitt numa perspectiva de esquerda, mostra que a essência da política vem a ser a luta agonística. A diferença entre agonismo e antagonismo é que o primeiro não vê o oponente na luta como um inimigo a ser derrotado, mas como um adversário a ser convencido. É assim que Mouffe tenta integrar o apelo do populismo de direita em uma política emancipatória, [que se mantém no campo democrático]. Um passo nessa direção é necessário se o projeto de emancipação não quer levantar as mãos, sinalizando a sua derrota.
Mas o projeto de emancipação não pode adotar o mesmo apelo do populismo de direita. Não pode se basear numa estrutura autoritária que identifica um inimigo para criar consolidação política. Ao mesmo tempo, este projeto deve aprender a lição que o populismo de direita ensina sobre o que motiva os sujeitos politicamente. Se não for para se condenar à marginalização e ao fracasso perpétuos, a emancipação deve investir em excesso tanto quanto o populismo de direita. A política é sempre uma atividade excessiva.
Isso não pode implicar numa desistência de manter o elo entre emancipação e Iluminismo. A hostilidade ao conhecimento – ou seja, a aceitação da estupidez tal como acontece no populismo de direita – não pode caracterizar o projeto de emancipação sem desmantelá-lo completamente. Não é atoa que Marx e Engels tenham incluído, no Manifesto Comunista, a educação pública e universal na lista dos objetivos da política emancipatória. Sem conhecimento, toda emancipação torna-se impensável.
Aqueles que descartam a educação como opressiva, voluntária ou involuntariamente, tomam o lado das forças da reação. Não pode haver, portanto, dúvida de que o projeto de emancipação não pode dar as costas ao conhecimento tal como o faz o populismo de direita.
A tarefa mínima do projeto emancipatório é integrar a insistência do populismo de direita, ou sejam, a sua rejeição do bem comum, sem abandonar a herança do Iluminismo, sem rejeitar o conhecimento. Isso requer a repensar o próprio conhecimento. (…) A importância da educação não vem de seu eventual papel na produção de uma sociedade melhor, mas na oportunidade que dá para que as pessoas sejam excessivas. Não se teoriza em prol de um melhor arranjo social, mas em prol da teorização em si mesma. Como toda atividade excessiva, o aprendizado é um fim em si mesmo, não um bem que contribui para um fim melhor. É somente por meio da dissociação da educação do bem comum – o alinhamento da educação com o excesso – que se pode trazer o apelo ao excesso característico do populista de direita para o projeto de emancipação.
[1] N. T.: Esse indivíduo, por isso mesmo, não tem alternativa senão se comportar como ser possessivo ilimitado. Eis que está submetido à lógica do mau infinito conceituado por Hegel.
[2] N. T.: O trecho em sequência, que fecha o artigo de Todd McGowan, parece, no mínimo, bem ingênuo. A política de esquerda nada tem muito a aprender com Carl Schmitt. Já antes dele, ela prega uma política de antagonismo de classe que suprime todo antagonismo e não uma luta agonística ainda no interior do capitalismo. E esse antagonismo não é evidentemente o antagonismo genocidário da direita fascista. Nesse sentido, seu excesso consiste na revolução socialista.

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