Autor: Pierre Fougeyrollas[1]
As assim chamadas doenças mentais são, na verdade, doenças da personalidade. Quer se trate de deficiências psíquicas cujas condições orgânicas são conhecidas, de transtornos psicóticos para os quais a medicina revelou certas bases fisiológicas, ou ainda de síndromes neuróticas cuja origem biológica é desconhecida ou presumidamente inexistente, é sempre a personalidade que é afetada, posta em questão e ameaçada em suas funções relacionais – ou até mesmo em sua sobrevivência.
À época da publicação de sua tese de doutorado (1932), Lacan havia reconhecido esse caráter fundamental das doenças mentais. Nesse estudo, ele apresentou um caso de paranoia e de autodestruição. É verdade que acalentava uma certa ideia personalista e espiritualista de “síntese psíquica”, a qual modificou – ou, pelo menos, remodelou – após o seu encontro com o freudismo.
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