Não-identidade e relativismo histórico

Autora: Susan Buck-Morss [1]

Estamos perto do cerne do argumento de Adorno; eis aqui um protótipo de sua abordagem em geral. É correto dizer que Adorno não tinha nenhum conceito de história no sentido de uma definição ontológica e positiva de seu significado filosófico. Em vez disso, tanto a história quanto a natureza, tomados como opostos dialéticos, eram para Adorno conceitos cognitivos, não muito diferentes das “ideias reguladoras” de Kant.

Ora, esses conceitos foram aplicados em seus escritos como ferramentas críticas para a desmitificação da realidade. Ao mesmo tempo, cada um deles forneceu uma crítica ao outro. A natureza forneceu a chave para expor a não-identidade entre o conceito de história (como uma ideia reguladora) e a realidade histórica, assim como a história forneceu a chave para desmitificar a natureza. 

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História natural e natureza histórica

Autora: Susan Buck-Morss [1]

Adorno formulou sua concepção de história muito cedo; apresentou-a num discurso na Kantgesellschaft (Sociedade Kant), em julho de 1932, em Frankfurt. Como aconteceu com seu programa de filosofia de 1931, esse discurso nunca foi publicado por Adorno. Entretanto, manteve um significado duradouro em sua teoria, já que ele o incorporou ao seu argumento (e até mesmo o citou diretamente) em seu estudo de 1966, que ficou conhecido como Dialektik Negative (Dialética Negativa).

Embora a linguagem do documento mostre Adorno em sua forma mais obscura, isso não se constitui num obstáculo intransponível à compreensão, quanto se tem em conta os pontos que já foram esclarecidos. Na verdade, serve para ilustrar esses pontos por meio de um documento concreto.

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