Trump, tarifas e o mercado de ações

A interpretação da política econômica do governo Trump tem envolvido muitas controvérsias. Publica-se em sequencia uma opinião que vê uma tendência mais geral no rumo do autoristarismo, do isolacionismo e do protecionismo. O artigo analisa as Intervenções políticas que a acompanham e os seus limites. O artigo foi escrito antes do “dia da libertação”.

Autor: Lefteris Tsoulfidis [1]

A recessão que começou em 2007 ainda está em andamento. Como durante a Grande Depressão do período entre guerras, o autoritarismo, o isolacionismo e o protecionismo tornaram-se a política oficial de governo – embora não necessariamente de todos os países.

Nas décadas de 1920 e 30, foi a Itália, Alemanha, Espanha e Grécia em particular. Mas essa política foi muito além disso: em 1930, os EUA quadruplicaram suas tarifas com a Lei Smoot-Hawley, primeiro para produtos agrícolas, depois também para bens industriais.

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Protecionismo e desequilíbrios comerciais

Neste artigo, Nick Johnson tenta combinar as teses de Nicholas Kaldor e Michael Pettis para justificar as tarifas como parte de um esforço para reequilibrar o comércio internacional atualmente desbalanceado principalmente em favor da China. Ele sugere, que as tarifas devem ser complementadas com políticas de renda. Nesse sentido, ele julga que o salário real deve aumentar na China, mas curiosamente não sugere que ele deve ser reduzido nos Estados Unidos. Ao fim e ao cabo, as suas sugestões parecem ingênuas já que não levam em conta, comparativamente, o desenvolvimento da produtividade do trabalho vis-à-vis a evolução dos salários reais nas últimas décadas e, assim, a evolução da lucratividade. Ora, diante dessa evolução, as perspectivas de lucratividade dos diferentes ramos da produção são cruciais.

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O protecionismo dos EUA pode prejudicar a China?

Fonte: Financial Times. Copiado do blogue de Adam Tooze.

O gráfico abaixo mostra o desenvolvimento das exportações chinesas para os Estados Unidos (em vermelho), para os países desenvolvidos exceto os Estados Unidos (em azul claro) e para os mercados ditos emergentes (azul escuro). Os dados que nele constam permitem avaliar o impacto máximo das tarifas possíveis postas pelos Estados Unidos nas importações que recebe da China. Segundo o Financial Times, esse impacto seria significativo se for máximo, mas não desastroso. Não se considera o impacto possível dessa política tarifária na própria economia norte-americana.

“A China” – diz Tooze – “diversificou as suas exportações em relação ao mercado dos EUA desde o primeiro mandato de Trump. A demanda total americana por produtos chineses agora representa cerca de 2,8% do PIB da China, de acordo com a consultoria Capital Economics. Os seus cálculos sugerem que um aumento na tarifa efetiva de cerca de 15% para 60% (in extremis) – tal como Trump ameaçou – poderia encolher a economia chinesa em apenas 1%. Essa porcentagem talvez seja menor do que muitos costumam pensar que poderia ser; veja-se, ademais, que essa porcentagem é máxima já que não considera outros fatores de compensação”.