Debate sobre a taxa de lucro

Na conferência da Historical Materialism realizada em Londthe-long-depressionres, entre os dias 13 e 16 de novembro deste ano, uma sessão discutiu o conteúdo do livro A longa depressão de Michael Roberts, publicado ainda no começo de 2016. Uma de suas teses, justamente aquela mais central, foi alvo de um cerrado ataque por parte de vários autores marxistas. Eles contestaram sobretudo que a queda da taxa de lucro seja uma explicação correta para as crises capitalistas em geral e, em particular, para a crise de 2008.

O conteúdo do debate então travado não é de modo algum novo, mas apesar disso continua bem importante. Pois, ele opõe marxistas que explicam as crises do capitalismo centralmente a partir da esfera da circulação do capital dos marxistas que insistem em explicá-las, tal como Marx, a partir da esfera da produção de capital, isto é, das contradições da produção capitalista. Dito de outro modo, trata-se de explicar as crises primeiramente como crises de lucratividade ou como crises de realização. Mesmo sem ter estado lá, supõe-se aqui que o debate tenha sido muito instrutivo para todos aqueles que puderam assisti-lo.

Uma ideia da controvérsia pode ser obtida pela leitura do texto que Michael Roberts publicou em seu blog, no qual expõem o núcleo central da divergência, assim como os argumentos críticos de um de seus oponentes, Jim Kincaid, e os seus próprios em defesa da centralidade teórica da lei da queda tendencial da taxa de lucro. Com a finalidade de ajudar os estudantes brasileiros a entender melhor essa temática, o texto por ele publicado, Debating the rate of profit, está aqui traduzido para o português.

Na leitura desse escrito fica patente uma dificuldade de muito marxistas para distinguir o motor das crises, isto é, o desenvolvimento das contradições próprias da relação de capital, das suas manifestações fenomênicas, tais como os repousos do processo da troca, as desproporções setoriais, a superprodução de mercadorias, o subconsumo das massas, a queda da taxa de lucro, a pletora de capital financeiro. Em consequência, calçando-se apenas na noção empírica de causa, eles caem num debate inconclusivo sobre se há ou não uma “causa” das crises em geral. De qualquer modo, boa leitura para todos aqueles que desejarem se aventurar no intrincado das controvérsias. Para aqueles que querem ir mais longe recomendam-se aqui dois livros: O negativo do capital de Jorge Grespan e O problema da crise capitalista em O capital de Marx, de Hector Benoit e Jadir Antunes.

Apesar do viés empirista, a posição de Michael Roberts se afigura como a que mais se aproxima da exposição marxiana das crises do capitalismo. O texto de Michael Roberts com a sua “pletora” de gráficos está aqui: debate-sobre-a-taxa-de-lucro.